Os 10 passos para conquistar as Boas Práticas de Fabricação na indústria cosmética

Por Débora Moraes da Silva, especialista em Assuntos Regulatórios

Quando falamos em Boas Práticas de Fabricação (BPF), não estamos falando só de regras. Estamos falando de confiança. De entregar ao consumidor um produto seguro, eficaz e feito com responsabilidade. Na indústria cosmética, seguir a RDC nº 48/2013 da Anvisa é o ponto de partida para quem quer fabricar com qualidade — e estar pronto para inspeções, certificações e auditorias.

Mas afinal, por onde começar? Se você está nesse caminho (ou pensando em entrar), separei aqui 10 passos fundamentais que vão te ajudar a colocar a casa em ordem e manter tudo funcionando com excelência:

1. Tenha um sistema de qualidade que funcione de verdade

Não adianta ter um monte de papéis e planilhas se ninguém segue. O sistema de qualidade precisa ser vivo, com processos claros, responsabilidades bem definidas, equipe treinada e documentação organizada. É ele que sustenta a fábrica do início ao fim.

2. Cuide de quem faz acontecer: sua equipe

Gente boa, bem treinada e consciente do seu papel faz toda a diferença. Cada pessoa precisa entender como sua função impacta na qualidade do produto final — do operador ao responsável técnico.

3. Padronize tudo com POPs simples e objetivos

Os Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) são como manuais internos que mostram passo a passo o que precisa ser feito — sem margem para dúvidas ou improvisos. Da limpeza ao envase, cada tarefa deve ter seu roteiro.

4. Saiba de onde vem o que você usa

Matéria-prima de qualidade começa por um fornecedor confiável e bem avaliado. Isso inclui especificações, certificados, testes e rastreabilidade. Nada de comprar “no escuro”.

5. Mantenha a casa limpa — de verdade!

Sua infraestrutura precisa estar à altura do que você fabrica. Ambientes organizados, bem iluminados, com controle de pragas e fluxo de pessoas bem pensado são básicos. Limpeza e higiene não são opcionais.

6. Tenha um controle de qualidade que não falha

Desde a entrada do insumo até o produto final, tudo precisa passar por checagens técnicas confiáveis. São elas que garantem que o que está no rótulo é o que o cliente vai receber.

7. Valide o que for necessário — e prove que funciona

Alguns processos ou equipamentos exigem validação. Ou seja: testes documentados para garantir que tudo está rodando como deve. E mesmo se não precisar validar, é preciso justificar isso formalmente.

8. Se der problema, saiba o que fazer (e rápido)

Desvios, reclamações e recolhimentos podem acontecer. O importante é estar preparado para agir com rastreabilidade, resolver a causa, corrigir e, se necessário, comunicar à Anvisa.

Inclusive, falei mais sobre isso na minha coluna sobre Cosmetovigilância, que se conecta diretamente com esse ponto.

9. Olhe para dentro com frequência

Autoinspeções são como “exames de rotina” da fábrica. Precisam ser feitas com regularidade, gerar registros e, principalmente, resultar em melhorias reais.

10. Documente tudo — e muito bem feito!

Se não está escrito, não aconteceu. Documentar com clareza, consistência e organização é o que sustenta tudo: das liberações de lote aos treinamentos e auditorias.

Dica de quem vive isso na prática: conquistar as BPF não é sobre ser perfeito — é sobre ser constante. É uma construção diária, feita com compromisso, disciplina e envolvimento de todos. BPF é cultura. É atitude.

???? Para quem quiser se aprofundar, aqui está a RDC nº 48/2013 da Anvisa, que traz todas as exigências para a indústria cosmética:
https://anvisalegis.datalegis.net/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&num_ato=00000048&sgl_tipo=RDC&sgl_orgao=RDC/DC/ANVISA/MS&vlr_ano=2013&seq_ato=000&cod_modulo=134&cod_menu=1696

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